Quando pensamos em moda, geralmente lembramos de consumo desenfreado, guarda-roupas cheios, fast fashion que se desgastam rápido e coleções inteiras sendo descartadas após uma temporada. Bem, “a moda verde” pensa em linkar o fashion world ao nosso ecossistema criando um ciclo maior para a roupa e adaptando o estilo ao planeta.
Essa tendência surgiu na Europa e se fortifica cada vez mais mundo afora. No Brasil, já conquistou designers, marcas e público. A stylist Chiara Gadaleta é uma das maiores entusiastas e até mantém um blog onde escreve sobre moda sustentável, o Sustentável com estilo.
Outros nomes fortes por trás do consumo consciente são o do estilista mineiro Ronaldo Fraga (que eu adoro), que utiliza em suas criações parcerias com artesãs, algodão orgânico (sem químicos) e reaproveitamento de tecidos; e Alexandre Herchcovitch, que tem uma linha especial de roupas que se conectam com a natureza, toda feita de aproveitamento de tecidos (lindas e caras).
Ronalgo Fraga e sua Frida; coleção sustentável de Herchcovitch na passarela
Em São Paulo já existe um evento de moda totalmente voltado para a inovação e a sustentabilidade da moda, o SP.Ecoera, que esse mês apresentou sua terceira edição e contou com um desfile da PUMA. A marca apresentou sapatos e bolsas masculinas com a possibilidade de serem 100% reciclados.
Para o estilista Lindeberg Fernandes, um dos grandes nomes da moda em Fortaleza, a maior dificuldade em comercializar produtos de moda não industrializados é o valor: “O consumidor ainda não está acostumado a avaliar as peças analisando pelo lado consciente de consumo. Ainda não existe essa cultura e, infelizmente, é muito difícil trabalhar com produtos 100% naturais”, comenta. Mesmo assim, ele confeccionou para a grife que leva o seu nome acessórios de sementes.
Já a DLT, que ele também assina, investe na compra de tecidos em malha de PET, produzido a partir de material 100% reciclado de garrafas PET.
Outra questão que os estudiosos apontam para que se invista na moda sustentável é o fomento de novos empregos. A exemplo, marca Vert, que usa na fabricação de seus sapatos plumas (para a confecção de lona) colhidas por 700 familias de Tauá, cidade do interior do Ceará. Já a borracha para o solado vem da fundação Chico Mendes. Incrível! E o preço é o mesmo que os que usam a forma convencional de fabricação.
O consumidor (ou não)
O professor João Charles (29) faz parte das pessoas que veem a moda com um olhar sustentável. Ele vai mais longe, afirma não ser consumidor de moda. Tem nove camisetas, duas calças e dois tênis e acha suficiente. Quando raramente compra roupas, escolhe os pequenos comércios. Ele acredita que objetos inorgânicos não devem perfurar o orgânico (o corpo) e não usa brincos, tatuagens ou pinta o cabelo e que a moda e a necessidade de pertencer a um grupo através dela, é um conceito ultrapassado.
Curtiu esse jeito green de ver a moda? Quer seguir o exemplo? Aqui vão algumas dicas:
♠ Procure as coleções “verdes” dos estilistas, além do dois citados aqui na coluna, muitos fashion designers estão invesitndo nessa linha (mas as peças são ainda mais caras)
♠ Antes de comprar uma peça, tente saber qual a preocupação da marca com o meio ambiente
♠ A moda politicamente correta existe desde a confecão do tecido até a venda no balcão
♠ A mão de obra chinesa é mais barata, tornando o produto mais acessível, mas as condições de trabalho dos operários são terríveis
♠ Faça escambos entre seus amigos, assim você obtém peças novas sem precisar comprar
♠ Vá a brechós, roupa usada não é roupa velha
♠ Se desapegue
♠ E a dica mais importante: invista em peças clássicas, assim você não se torna um escravo da moda e pode montar looks atemporais
E se você não consegue mesmo ser minimalista e/ou básico, aqui vão alguns exemplos de peças superestilosas e politicamente corretas.
Qualquer dúvida ou sugestão: diegojgregorio@gmail.com
No instagram eu sou @diegojgregorio
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