Resenha: The Mist – O Nevoeiro (série)

0
12165

o-nevoeiro

A Netflix acabou de liberar a primeira temporada de The Mist (O Nevoeiro), série baseada no conto homônimo de Stephen King, lançado em 1980. Em 2007, a mesma história ganhou versão cinematográfica e até bem fiel à original – o que não acontece no seriado.

O fato de ser diferente não faz uma versão ser necessariamente ruim. No caso da nova The Mist, ela é ruinzinha mesmo para além da história: diálogos cheios de clichês, atores fracos, personagens sem carisma, narrativa mal construída.

Antes de começar a resenha, vamos à sinopse. A história se passa em uma cidadezinha do Maine, nos Estados Unidos, onde todo mundo se conhece e todo mundo fala da vida alheia. Kevin, Eve e Alex são uma família que está sempre na mira dos fofoqueiros de plantão. Eve, a mãe, é demitida do colégio onde dar aula dar aulas de educação sexual sinceronas, e, logo em seguida, a adolescente Alex foge com o consentimento do pai para ir a uma festa, bebe até desmaiar e é estuprada. É quando os suspeitos e testemunhas começam a ser interrogados que, sem motivo aparente, um nevoeiro espesso invade a cidade e passa a misteriosamente matar as pessoas.

From l to r: Teenagers Jay Heisel (Luke Cosgrove) and Alex Copeland (Gus Birney) become unlikely allies when they findd themselves stranded at the mall when a mysterious mist and its threats rolls into town in Spike TV's THE MIST, based on a story by Stephen King, which premieres on Thursday, June 22 at 10 PM, ET/PT.
Jay, o acusado, e Alex

Eve e Alex ficam presas no shopping. As portas são trancadas, ninguém e ninguém sai. Kevin, na delegacia, junto com Adrian, o melhor amigo da filha. A partir daí, a história principal é a da corrida do pai para encontrar a família. Na missão, ele conta ainda com Bryan e Mia, fugitivos da cadeia que ele achou que poderiam ser úteis para roubar carros, arrombar portas e mantê-lo vivo.

THEMIST-BryanMiaInMist

Se você já viu algum desses filmes de apocalipse, de fim de mundo, de desastre, vai saber ao terminar o primeiro episódio o que vai acontecer. Numa situação emergencial, quando a lei escrita deixa de valer, e a ética simplesmente deixa de existir, as pessoas elegem líderes, fazem justiça com as próprias mãos e, claro, entram em conflito. Todo mundo é um assassino em potencial, um mentiroso em potencial e, no grupo, sempre há um ou mais messias que prometem a salvação.

As pessoas trancadas na igreja e o lado espiritual do noveiro

É normal essa repetição, essa fórmula. Na cultura pop uma obra se alimenta da outra, e é impossível não perceber. Stranger Things bebeu do Nevoeiro original (e dos seres misteriosos que ali habitam), e o Nevoeiro série bebeu de Stranger Things, lembrando o espectador por várias vezes do mundo invertido. Há ainda ecos de Lost, Madrugada dos Mortos, Guerra dos Mundos e até da relativamente nova 13 Reasons Why.

Os episódios de The Mist são relativamente longos para a quantidade de história que se desenvolve. A narrativa é lenta e tenta ser climática, mas só consegue deixar várias cenas desinteressantes em vez de aproveitar o tempo para mergulhar nas histórias de cada personagem. Pra se ter uma ideia, o primeiro flashback só acontece no quarto episódio, quando descobrimos um pouco mais sobre o passado de Alex e Eve.

Engoli a seco os primeiros episódios e, como eram só 10 (a desculpa é sempre essa, hehe), maratonei o seriado. Ele até fica mais interessante nos últimos episódios, quando finalmente começamos a ter pistas do que é, de onde vem e se vai embora o nevoeiro; do está dentro dele matando as pessoas e como essas mortes acontecem. A sequência final é a melhor, quando, mais uma vez, rola o clima Stranger Things/Super 8 e deixa um gancho legal para a próxima temporada.

Sim, próxima temporada. Pense num conto pra render! Hahaha! Sério, não deveria ter segunda temporada. Dava pra ter resolvido tudo em uma só, transformando The Mist em um seriado eletrizante, com subtramas interessantes, a gente no sofá de casa criando teorias conspiratórias, se surpreendendo! Mas não. Ano que vem a gente vê o resto.

Alinne Rodrigues

Deixe um comentário